Michael Lopes Argento – ACAM Portinari
Princípios norteadores são extremamente importantes para fundamentar o desenvolvimento de novos saberes. Apesar de não superar determinadas fronteiras de reflexão, manuais podem fornecer informações relevantes para introduzir ou preparar o leitor para conhecimentos mais complexos sobre um tema. É igualmente relevante situarmos o documento em sua temporalidade, contextualizando a produção aos saberes, estudos e conceitos da época, analisando criticamente seu lugar na contemporaneidade.
O Manual de Orientação Museológica e Museográfica, produzido em 1987 pelo então Departamento de Museus e Arquivos da Secretaria de Estado da Cultura do Governo de São Paulo é um ótimo exemplo de material preparador para os profissionais de museus no momento de sua publicação, e que permanece, em muitos aspectos, contemporâneo. Tal elemento pode nos suscitar a reflexão sobre quão relevante a obra foi naquela época, até que pontos a área museológica avançou nestes mais de trinta anos, ou quais os principais obstáculos que ela superou e tem superado, sempre vislumbrando seu potencial para as futuras gerações de profissionais do setor.
A obra, dividida em 11 partes e totalizando 47 páginas, introduz ao leitor o conceito de museu à época, procurando apresentar definições históricas e técnicas. A publicação avança na introdução a espaços físicos de uma instituição museológica, bem como na parametrização de diretrizes procedimentais e atitudinais no que concerne à segurança patrimonial, do acervo e da edificação, à documentação museológica, à conservação, manuseio e transporte de acervos, ao planejamento e execução de ações culturais, à pesquisa e montagem de exposições de longa duração e temporária, à divulgação das atividades do museu para ampliar sua visibilidade junto ao público e às atividades de monitoria junto ao visitante.
O Manual de Orientação Museológica e Museográfica é uma publicação extremamente atraente pela perspectiva de oferecer parâmetros gerais sobre as principais atividades de um museu e por apresentar de forma clara, objetiva e, em alguns casos, intensamente ilustrativa, as diretrizes de funcionamento de suas áreas técnicas. Mas como qualquer outra obra, ele ainda é produto de seu tempo. Se por um lado, orientações gerais sobre as posturas atitudinais das equipes de trabalho nas diferentes áreas-meio e áreas-fim de um museu podem ser consideradas bastante contemporâneas e úteis para o cotidiano de trabalho, por outro, torna-se igualmente relevante levar em consideração os avanços que a área museológica obteve no desenvolvimento e utilização de novas tecnologias, seja para a realização de atividades de documentação, de implantação de sistemas e protocolos de segurança ou no uso de materiais específicos para a conservação preventiva de acervos, seja na transformação das formas pelas quais os museus se comunicam com o público por meio de plataformas digitais e redes sociais.
Nessa perspectiva, Manual de Orientação Museológica e Museográfica torna-se uma leitura agradável e relevante ao contribuir para a qualificação dos profissionais e serviços dos museus de seu tempo, ao passo que nos instiga a pensar sobre nossas práticas no hoje.
Departamento de Museus e Arquivos. Manual de Orientação Museológica e Museográfica. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1987.
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