A Pinacoteca de São
Paulo apresenta, de 30 de novembro a 24 de fevereiro de 2020, a exposição
Fernanda Gomes, uma grande retrospectiva da artista carioca, reunindo cinquenta
obras, desde os anos 1980 até hoje. Com curadoria de José Augusto Ribeiro,
curador do museu, a mostra é apresentada na forma de uma grande instalação
composta de fragmentos, formato recorrente na prática de Gomes, que se desdobra
ao longo das sete galerias temporárias do primeiro andar da Pinacoteca,
demandando do observador um papel ativo na leitura do trabalho.
Formada pela Escola Superior de Desenho
Industrial (ESDI), no Rio de Janeiro, Fernanda figura, hoje, entre os artistas
contemporâneos do Brasil com maior inserção e prestígio internacionais. Sua
prática caracteriza-se pelo uso de materiais ordinários — como gesso, madeira e
vidro — submetidos a operações manuais como amarrar, juntar ou apenas
posicionar e espalhar no espaço. Esses itens são recolhidos da vida doméstica
da artista e durante suas andanças pelas ruas, galerias e instituições onde
expõe sua produção.
A exposição na Pinacoteca, que tem patrocínio do
Itaú, concretiza-se após dois anos desde o convite da instituição. Ao longo
desse período, Gomes desenvolveu um plano de ocupação dos espaços, que incluía
tanto determinações quanto aberturas para a improvisação, projetando soluções
expográficas específicas para cada ambiente. “Daí a manifestação de um processo
exigente, meticuloso, que vai além de uma reunião de obras”, define o curador.
O resultado final surgirá após três semanas de
trabalho de montagem, durante o qual a artista se colocará em atividade
contínua pelas sete salas expositivas, instalando, assim, uma espécie de ateliê
temporário, não aberto ao público, procedimento adotado de forma usual por ela.
O conjunto apresentado inclui desde trabalhos mais conhecidos – como as esferas
de cravos e linha, uma extensão de papéis de cigarro fumados e justapostos, as
pinturas feitas com tinta e papel, e algumas de suas esculturas cinéticas – a
obras inéditas que serão concebidas in loco.
A total ausência de significação – nem a
exposição nem as obras têm nome – com peças pintadas de branco (“essa cor que é
todas e nenhuma ao mesmo tempo”, explica Ribeiro) acaba por preservar o aspecto
indefinido e instável do conjunto. “As peças tampouco estão identificadas pelas
usuais legendas do museu, o que, em última instância, favorece as
possibilidades de conexão entre uma e as outras, entre todas e o entorno, sem
datá-las nem descrever materiais comuns ou técnicas peculiares, que requerem
mais perícia ou labor do que método”, complementa.
A produção institui, assim, as próprias
condições de sua exibição: com um sentido forte de unidade, a fim de propor uma
experiência integral sem chance de repetir-se, nem em outro tempo ou espaço.
Também por essas razões, a famosa dicotomia entre arte e vida é um tópico
recorrente nas reflexões de Fernanda Gomes. Em entrevistas e textos de sua
autoria, as declarações da artista a respeito do assunto apontam para uma
indiferenciação entre as duas noções. Para ela, “as coisas são e estão
misturadas”, de forma que “a diferença entre objetos de arte e objetos comuns
ainda aparece como um mistério”.
A mostra ocupa um importante papel na
programação de 2019 do museu, que vem apresentando, desde o início do ano, uma
sequência de artistas pioneiros – Ernesto Neto, Artur Lescher, Hélio Oiticica,
entre outros – que contribuíram para expandir o conceito de escultura. A
realização desta exposição só foi possível graças ao apoio da Lei Federal de
Incentivo à Cultura.
Catálogo
Fernanda Gomes é acompanhada de um catálogo
especialmente concebido pela artista como continuação de sua exposição na
Pinacoteca. Da mesma forma que a mostra, as obras são apresentadas como parte
de um grande roteiro. “Cada peça se mostra como protagonista de uma linha de
pensamento, sempre ativada pelo próprio contexto, e em diálogo com a obra
anterior e posterior”, explica Volz. Inclui introdução do diretor geral da
Pinacoteca Jochen Volz e texto do curador José Augusto Ribeiro. Português e
inglês.
SERVIÇO
Fernanda Gomes
Curadoria de José Augusto Ribeiro
Abertura: 30 de novembro de 2019, sábado, às 11h
Visitação: 30 de novembro a 24 de fevereiro de
2020, de quarta a segunda-feira, das 10h às 17h30 – com permanência até as 18h
Pinacoteca de São Paulo – Edifício Pina Luz
Praça da Luz 2, São Paulo, SP – 1º andar –
galerias temporárias
Ingressos: R$ 10 (entrada); R$ 5 (meia-entrada
para estudantes com carteirinha). Menores de dez anos e maiores de 60 são
isentos de pagamento. Aos sábados, a entrada da Pina é gratuita.
Fonte: Sec. de Cultura de SP
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