Conheça a Rede de Museus Ferroviários

Postado em: 17 de abril de 2020 | Destaques

Preservar e difundir o patrimônio ferroviário paulista, propondo uma revisão crítica sobre a história das ferrovias no Estado de São Paulo, bem como da atuação de seus trabalhadores e das suas companhias empregadoras. Esse é o objetivo da Rede de Museus Ferroviários enfocado na primeira série de reportagens do Sistema Estadual de Museus (SISEM-SP), instância da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, sobre as Redes Temáticas de Museus.

Em São Paulo, a Rede de Museus Ferroviários é composta por cinco instituições: o Museu da Companhia Paulista, em Jundiaí; o Museu da Estrada de Ferro de Sorocaba; o Museu Ferroviário de Indaiatuba; o Museu Ferroviário Francisco Aureliano de Araújo, em Araraquara; e o Museu Ferroviário Regional de Bauru.

“Com a ampliação do conceito de patrimônio histórico, que passou a incluir também o patrimônio industrial como objeto de culto à memória, há algumas décadas tem sido registrado no Brasil um interesse crescente em relação à preservação da memória do transporte ferroviário no que diz respeito a seus aspectos econômicos, tecnológicos e sociais”, explica Davidson Kaseker, diretor do Grupo Técnico de Coordenação (GTC SISEM-SP).

Em artigo publicado no livro Latin American Heritage: Interdisciplinary Dialogues on Brazilian and Argentinian Case Studies, da editora Springer, em 2017, Kaseker fala sobre os museus paulistas e a memória ferroviária e dá destaque para a importância das redes temáticas de museus, em especial a Rede de Museus Ferroviários. “[Fortalecer a rede de museus ferroviários] implica apostar na ressignificação do acervo ferroviário do ponto de vista contemporâneo, recolocando na pauta de debate da sociedade o papel da ferrovia como vetor de mobilidade urbana e matriz de transporte de cargas”.

Portal “Museus Ferroviários SP”
Em 2016, a Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo lançou, em parceria com a organização social de cultura ACAM Portinari, o portal “Museus Ferroviários SP”. A plataforma digital foi criada com o objetivo de dar visibilidade e acesso às ações técnicas e aos acervos ferroviários musealizados.

No site www.museusferroviarios.net.br, os profissionais que atuam em instituições museológicas que se dedicam à preservação da memória ferroviária ou possuem acervos dessa tipologia podem produzir, atualizar, revisar e divulgar conteúdos relacionados ao tema. O site também permite o compartilhamento de notícias, de forma a estimular a troca de informações entre profissionais da área e demais interessados.

Além de uma breve apresentação sobre as instituições que fazem parte da Rede de Museus Ferroviários, o portal traz também informações sobre as antigas companhias de estradas de ferro, como a São Paulo Railway, a primeira estrada de ferro paulista.

Há também diversas outras informações sobre trens turísticos, museus em estações, associações, e também uma lista de livros, artigos, dissertações e teses na página Bibliografia, que traz vários temas de interesse para o conhecimento e tratamento de patrimônio ferroviário.

“O portal atua como uma vitrine virtual para a difusão dos museus ferroviários e atende desde os profissionais dos museus até pesquisadores, escolas, estudantes e demais pessoas interessadas na temática”, afirma Kaseker.

Encontro Paulista de Museus, Memória Ferroviária e Paisagens Culturais
No dia 25 de outubro de 2019, foi realizado em Guararema o Encontro Paulista de Museus, Memória Ferroviária e Paisagens Culturais. O evento reuniu 154 pessoas, entre autoridades, profissionais da área e interessados em saber mais e discutir sobre a preservação e difusão da memória ferroviária paulista.

Guararema foi escolhida para receber o Encontro por ser um exemplo de preservação da memória e do patrimônio ferroviário no Estado de São Paulo. Por isso, a programação teve foco na demonstração dos caminhos institucionais que os projetos públicos dessa natureza devem percorrer. Além das apresentações de caráter mais técnico, também fez parte da programação do Encontro o percurso de sete quilômetros de trem da Estação Central de Guararema para a Estação Luis Carlos.

“Nesse evento, ficou evidenciada a disponibilidade e interesse dos órgãos governamentais no alinhamento de políticas públicas que facilitem o acesso ao patrimônio cultural ferroviário, móvel e imóvel, visando a sua requalificação e apropriação pelas comunidades locais”, comenta Antonio Lessa, coordenador da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico.

Desafios
A criação da Rede de Museus Ferroviários ajudou a fortalecer a preservação e difusão do patrimônio ferroviário paulista. Porém, ainda há vários desafios a serem superados.

Luiz Palma, da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico de São Paulo, faz considerações sobre a importância da gestão intergovernamental e em redes horizontalizadas, como estratégias e modos de operação para projetos que envolvem decisões e responsabilidades compartilhadas entre a União, os Estados sub-nacionais e os Municípios.

“O conceito de relações intergovernamentais inclui um conjunto de atividades e significados implícitos no federalismo e abrange um rico conjunto de ações informais e percepções dos agentes públicos, sem limitar-se pelo legalismo que muitas vezes domina o discurso e a prática federalista”, afirma. Ainda segundo ele, são iniciativas que constroem caminhos e meios de operacionalizar ações que envolvem extensivas e continuadas relações entre os governos federal, estaduais e municipais, assim como os demais poderes, Legislativo, Judiciário e o Ministério Público e não menos importantes, as entidades e empresas especializadas do setor privado.

Seguramente, os projetos bem sucedidos e implementados de memória ferroviária e musealização trataram com maestria essas conexões. No encontro recente de Guararema, atores de todas as extrações citadas confirmaram em suas falas, a importância da gestão intergovernamental e em redes horizontalizadas. O momento pandêmico “Covid-19” ergue como prioridade, sobre todas as demais agendas, as necessidades humanas vitais para a sobrevivência. E assim, ainda que abalados pela tragédia, todos nós poderemos constatar a importância e a potência da coesão intraestatal e público-privada.

Após superada a fase de distanciamento social, devido à pandemia de Covid-19, e a normalização das atividades presenciais nos museus, novos encontros temáticos deverão ser realizados, incluindo eventos como o Encontro Paulista de Museus, Memória Ferroviária e Paisagens Culturais.

Fonte: SISEM-SP

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