Entre os dias 11 e 13 de junho, acontece o Seminário “Memória como Direito”, no Sesc 24 de Maio, em São Paulo, que está com inscrições abertas até o dia 7. O evento pretende abordar o tema da memória e sua relação com o exercício da cidadania a partir de campos de conhecimento diversos – história, antropologia, artes, filosofia, direito, geografia, comunicação, urbanismo, estudos culturais etc. -, partindo da percepção de que o contexto contemporâneo requer debates que explicitem e interpretem o jogo de disputas de narrativas, bem como suas implicações socioculturais.
Nessa perspectiva, aspectos como identidade e diversidade cultural, territórios e territorialidades, escrituras sobre memória e políticas públicas serão contemplados, buscando compartilhar com o público dilemas, conceitos e práticas que revelam os usos sociais da memória na atualidade.
Confira a programação:
DIA 11/06
10h30 – ABERTURA
11h – 13h30 / MESA DE ABERTURA (1): O que significa
considerar a memória um direito?
Defender a ideia da memória como direito indica que o cenário atual mostra
desequilíbrios: há grupos mais vulneráveis no que se refere à preservação e
promoção de suas memórias, ao passo que outros possuem acesso garantido a esse
direito. No caso brasileiro, essa circunstância tem raízes profundas, que
estruturam o modo como lemos o passado, assim como as maneiras pelas quais
decodificamos o presente e as possibilidades de futuro. Esta mesa pretende
contextualizar tal quadro, aproximando estudos culturais, história e política
para propor leituras das dinâmicas contemporâneas ligadas à memória.
• Lilia Schwarcz – Historiadora e Antropóloga, Professora Titular da FFLCH da
Universidade de São Paulo/SP
• Luiz Antonio Simas – Historiador, Professor e Escritor – Rio de Janeiro/RJ
15h – 16h45 / MESA 2: Testemunhos e expressões da memória
Uma das facetas mais contundentes do tema da memória é a ideia de testemunho,
ou seja, o ponto de vista de quem presenciou ou esteve envolvido com
determinado fato, bem como os relatos feitos a partir dessa experiência. Tal
acepção é mobilizada principalmente no caso das denominadas “memórias
difíceis”, às quais estão relacionadas histórias de opressão e respectivas
lutas por reconhecimento. Quais os formatos capazes de expressar os
testemunhos? Como escolher entre o que pode ser dito e o que deve ser calado?
• Márcio Seligman-Silva – Professor Ttitular de Teoria Literária, Unicamp –
Campinas/SP
• Maria Valéria Rezende – Escritora e tradutora – João Pessoa/PB
17h – 18h45 / MESA 3: Dimensão pública da memória: direitos
e participação social
Quais direitos e deveres estão em jogo, quando se trata de pensar a relação
entre cidadania e memória? De um lado, aumenta a complexidade de questões
propriamente jurídicas, como o registro do patrimônio imaterial, as
peculiaridades do direito difuso, as tensões com o uso do espaço urbano, entre
outros pontos. De outro lado, cresce a organização da sociedade em torno de
tais questões, buscando construir pautas baseadas na participação social e
influenciar as políticas públicas.
• Mário Pragmácio – Professor, advogado especializado em direitos culturais,
Presidente do IBDCult – Rio de Janeiro/RJ
• Ophelia Amorim Reinecke – Advogada, atuou nas Ligas Camponesas e na Comissão
da Verdade/Paraíba – Campinas/SP
DIA 12/06
10h – 11h45 / MESA 4: Memória, territórios e resistência
Os territórios influenciam decisivamente o modo como as pessoas lidam com a memória, constituindo-se elemento central da construção e promoção de narrativas de certos grupos. Resistindo às forças que preconizam a hegemonia de uma acepção desterritorializada de modernidade, tais grupos criam modos originais de fortalecer e difundir suas memórias, ao mesmo tempo em que discutem e ativam os lugares aos quais estão conectados.
• Suzenalson Kanindé – Coordenador do Ponto de Memória Museu Indígena Kanindé – Aratuba/CE)
• Camila Fialho – Artista visual, produtora cultural e Presidenta da Associação fotoativa – Belém/PA
12h – 13h30 / MESA 5: Memória e espaços de poder: museologia
social e práticas afins
Tradicionalmente, a museologia estabeleceu-se como campo de saber dotado de
competência para legislar sobre os modos de narrar o passado, construindo
metodologias que representam uma visão convencional sobre o assunto. Reações a
esse panorama clamam por uma maior maleabilidade e permeabilidade social,
sugerindo estratégias criativas e participativas de lidar com a memória. Os
dois vetores se entrecruzam cada vez mais, construindo uma rede de
possibilidades para flexibilizar as ações nesse campo.
• Mário Chagas – Poeta e museólogo, Professor da Faculdade de Museologia da
UNIRIO, diretor do Museu da República e Presidente do Movimento Internacional
para uma Nova Museologia – MINOM – Rio de Janeiro/RJ
15h – 16h45 / MESA 6: Imaginários a contrapelo
A criatividade é elemento central, embora por vezes negligenciado, no trato com
a memória. Não é por acaso que artistas tenham sempre se embrenhado nesse
terreno, inventando maneiras específicas de comentar o passado, colocando-se ao
mesmo tempo como indivíduos e como membros de um determinado grupo ou
identidade. Pressupostos estéticos e éticos se misturam e resultam em
narrativas originais, que colaboram para criar imaginários mais críticos e
plurais.
• Rosana Paulino – Artista visual, São Paulo/SP
• Henrique Fontes – Diretor e ator, Grupo Teatro Carmin – Natal/RN)
17h – 18h30 / MESA 7: Presente, pós-verdade e experiência de
passado
Começamos a fabricar hoje as memórias que nos acolherão no futuro. E vivemos
atualmente um panorama complexo nesse sentido, permeado pela incessante
movimentação nas redes digitais, pelo acirramento da disputa de narrativas e
pela emergência da ideia de pós-verdade. Quais questões éticas e políticas
estão implicadas em tais dinâmicas? Como construir formas de ação no presente
que qualifiquem o debate público e conciliem a memória com valores como
liberdade e igualdade?
• Vladimir Safatle – Filósofo, Professor livre-docente do Departamento de
Filosofia da USP – São Paulo/SP
DIA 13/06 (atividades para grupos menores, de 20 a 40 pessoas cada)
9h – 14h: Passeio 1: O CARANDIRU, PARA ALÉM DO APAGAMENTO
(saída: Sesc 24 de Maio)
O passeio está baseado nas camadas de histórias ligadas ao antigo complexo
penitenciário do Carandiru, na Zona Norte de São Paulo, território que oferece
rico material em termos de memória dos tempos carcerários, como resquício
arqueológico, acervos e narrativas a serem compreendidas no presente. Serão
visitados e debatidos: Museu Penitenciário / Espaço Memória Carandiru / Parque
da Juventude (incluindo resquícios do presídio).
Para 20 pessoas.
10h – 14h: LABORATÓRIO MEMÓRIA E SOCIEDADE – Sesc 24 de Maio
Imersão dialógica e participativa em metodologias de museologia social a partir
da experiência do especialista Mario Chagas e de suas vivências junto a
diferentes grupos e realidades sociais. Serão exploradas as metodologias
desenvolvidas junto de comunidades locais, bem como as possibilidades de
replicabilidade desses modelos.
Para 40 pessoas.
14h – 19h: Passeio 2: BAILES BLACK E SOCIABILIDADE NEGRA
(saída: Sesc 24 de Maio)
O passeio vai refazer trajetos e percorrer espaços de circulação dos
frequentadores dos bailes black da década de 1970, os pontos estratégicos de
divulgação das festas e vai visitar os antigos salões e clubes, buscando
revelar mais sobre esse movimento de sociabilidade jovem e negra e a vinculação
do entretenimento com sua afirmação identitária e resistência política. Região
do centro Novo, Campos Elíseos e Barra Funda.
Para 20 pessoas.
SERVIÇO:
Seminário “Memória como Direito”
Entre os dias 11 e 13 de junho,
Sesc 24 de Maio
Rua 24 de Maio, 109, República – São Paulo/SP
Inscrições e informações: https://www.sescsp.org.br/programacao/190810_SEMINARIO+MEMORIA+COMO+DIREITO
Fonte: Sesc