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Entre a ação cultural e a social: a experiência da Pinacoteca de São Paulo na formação de educadores sociais

Resumo

O presente texto trata da experiência da Pinacoteca de São Paulo na formação de educadores sociais, desenvolvida por meio de um curso desde 2005. Trata­‑se de uma formação para profissionais que desenvolvem projetos socioeducativos junto a grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Seu objetivo é que esses profissionais elaborem projetos educativos nos quais se apropriem do museu, de seus procedimentos e conteúdos, relacionando­‑os com sua atuação, a fim de enriquecê­‑la. O texto aborda as propostas dessa formação, bem como alguns de seus desdobramentos e impactos, levantados por meio de pesquisa avaliativa realizada com 306 participantes do curso entre os anos de 2005 e 2015.

Palavras­‑chave

Educação museal; Educadores sociais; Pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Ao discutirmos a formação de educadores em museus, a princípio duas possibilidades se apresentam: primeiro, as ações formativas voltadas às próprias equipes que atuam nos educativos das instituições, uma demanda constante e muitas vezes desafiadora, pois deve levar em conta temas gerais da educação, assim como outros mais específicos relativos à tipologia de cada museu. Outra possibilidade são os projetos de formação promovidos e disponibilizados pelos museus a educadores e professores externos às instituições, atuantes na educação formal e não formal. Tais projetos variam muito em sua forma e conteúdo, mas de modo geral assemelham­‑se na intenção de qualificar a prática profissional desses educadores no contato com as instituições museológicas.

No intuito de relacionar os saberes da arte, cultura e patrimônio presentes na Pinacoteca e as múltiplas vozes e saberes dos públicos, principalmente daqueles não tradicionalmente frequentadores, realizamos há 13 anos no museu um curso de formação para educadores sociais que trabalham com essas populações, potencializando os diálogos entre ambos.

Trata­‑se de uma formação para profissionais que desenvolvem projetos socioeducativos junto a grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social. Seu objetivo é que esses educadores elaborem projetos educativos nos quais se apropriem do museu, de seus procedimentos e conteúdos, relacionando­‑os com sua atuação, a fim de enriquecê­‑la.

O curso se chama “Ações multiplicadoras: o museu e a inclusão sociocultural” e, como já mencionado, tem como público­‑alvo educadores sociais atuantes em organizações públicas ou privadas que desenvolvam projetos socioeducativos com pessoas em situação de vulnerabilidade social. São profissionais que trabalham com pessoas em situação de rua, pessoas que fazem uso problemático de drogas, vítimas de violência, grupos de migrantes e refugiados e pessoas transgênero, entre outros.

Tem como objetivo oferecer aos participantes subsídios para a elaboração, execução e avaliação de projetos educativos em arte e cultura voltados à inclusão sociocultural dos grupos com os quais atuam, de forma a potencializar sua atuação socioeducativa. A formação tem a proposta de articular o que os participantes já fazem em suas organizações sociais de origem com as potencialidades socioeducativas da Pinacoteca e dos equipamentos culturais em geral.

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Sua estrutura conta com 28 participantes por edição, com periodicidade anual, desde 2005 até hoje. O curso tem carga horária de 50 horas, divididas em 17 aulas semanais, com caráter teórico prático. Alguns dos conteúdos trabalhados ao longo dos anos podem variar, mas são abordados temas como a inclusão sociocultural nos museus; o museu e sua função social; discussões sobre o que é arte e aspectos da leitura de imagem; ação educativa em museus e metodologias de ensino da arte; visitas ao acervo da Pinacoteca para discussão sobre seus potenciais educativos; potencialidades do uso de recursos educativos; construção de projetos educativos e sistemas de avaliação para ações socioeducativas. Além disso, há um módulo final que propõe a orientação e o desenvolvimento de projetos educativos por parte dos educadores (inicialmente individuais e nas últimas edições, em grupos), nos quais eles devem relacionar sua prática socioeducativa com algum equipamento cultural.

Este texto abordará alguns dos desdobramentos e impactos desse curso, levantados por meio de pesquisa avaliativa realizada com 306 participantes do curso entre os anos de 2005 e 2015. Ela compõe um dos artigos do livro que lançamos em 2016 intitulado Entre a ação cultural e a social: museu e educadores em formação (Aidar; Chiovatto; Amaro, 2016). Nessa publicação, avaliamos o percurso de 11 anos do curso, por meio de textos da equipe educativa do museu, de alguns professores e ex­‑alunos do curso e de uma pesquisadora convidada para realizar a investigação avaliativa, num esforço de estabelecer um trabalho plural que desse voz aos diversos atores envolvidos.

O contexto da formação

Ao analisarmos algumas pesquisas de público de museus realizadas nos últimos anos no país em âmbito regional e local, percebemos a disparidade no acesso à cultura, reflexo das diversas desigualdades estruturais que vivemos.

De acordo com pesquisa sobre hábitos culturais dos habitantes do estado de São Paulo, realizada em 2014,

O acesso a museus e exposições de arte é fortemente impactado pela classe econômica do frequentador. Entre os respondentes das classes D e E, 48% nunca foram a um museu ou exposição de arte. No segmento mais rico, as classes A e B, o índice cai para 14%. Outro fator a levar em conta é o da escolaridade dos potenciais visitantes. Nesse corte, o resultado é similar ao de renda. Entre quem só tem o ensino fundamental, 39% nunca foram a um museu. Entre quem tem ensino superior, o índice é de apenas 5%. (Leiva, 2014, p.155)

Dados de uma pesquisa de perfil de público espontâneo da Pinacoteca feita em 2013 nos mostram que 87% dos nossos visitantes tinham, então, ensino superior, e 62% possuíam renda familiar mensal maior que 6 salários mínimos (Almeida, 2013).

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O que ambas pesquisas apontam é que a frequência aos museus no Brasil é fortemente impactada pela classe econômica e escolaridade dos visitantes. Assim, os grupos excluídos do acesso aos museus abrangem grupos majoritários da sociedade, em particular aqueles socialmente vulnerabilizados. Em diálogo com essa realidade, focamos nosso trabalho educativo na Pinacoteca em ações que possam ampliar e variar o perfil dos visitantes, desenvolvendo ações proativas com grupos menos privilegiados e tradicionalmente não frequentadores de museus.

Mas antes, algumas informações sobre a própria instituição e seu contexto: é o mais antigo museu de arte de São Paulo, fundado em 1905. É uma instituição pública, pertencente ao governo do estado de São Paulo, mas de gestão privada, por meio de uma Organização Social de Cultura, a APAC – Associação Pinacoteca Arte e Cultura. O museu tem atualmente em sua coleção cerca de 10 mil obras de arte, principalmente brasileiras, produzidas desde o século XVII até a atualidade. Realiza exposições de longa duração de seu acervo e organiza cerca de 20 exposições temporárias anuais de artistas brasileiros ou estrangeiros.

Está localizado na zona central da cidade, em local que conta com boa infraestrutura e diversos equipamentos públicos e privados. Está dentro de um parque público e vizinho a populações de baixa renda e de importantes áreas comerciais. Integra um polo cultural que abrange quatro museus e uma sala de concertos, além de uma escola de música e algumas companhias de teatro.

Uma ideia que é estruturante para o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Ação Educativa da Pinacoteca é a de segmentação de públicos. Assim, temos duas grandes áreas de atuação estabelecidas de acordo com seus públicos­‑alvo: a primeira, chamada de Programas de Atendimento ao Público Escolar e em Geral, com programas voltados a públicos autonomamente visitantes e que desenvolve ações principalmente junto a grupos escolares (professores e alunos), assim como a grupos familiares e visitantes espontâneos do museu. A segunda área refere­‑se aos Programas Educativos Inclusivos, voltados a públicos não tradicionalmente visitantes, e para os quais temos de desenvolver ações mais proativas de aproximação. Nesse caso, são programas que atuam com pessoas com deficiência ou transtornos mentais; com grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social e com idosos, além de ações voltadas à formação continuada dos próprios funcionários do museu.

O programa que realiza o curso de formação para educadores sociais desde 2005 é o Programa de Inclusão Sociocultural, responsável por desenvolver ações educativas continuadas junto a grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social, muitas do próprio entorno do museu, como adultos em situação de rua, habitantes de moradias precárias e pessoas que fazem uso problemático de drogas, entre outros. Esse programa atua exclusivamente por meio de parcerias com outras organizações sociais, como ONGs e serviços de assistência social.

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Ser cultural: pesquisa avaliativa sobre o curso de formação para educadores sociais

Conforme consta na introdução do livro Entre a ação cultural e a social: museu e educadores em formação, trata­‑se de uma publicação de caráter documental e avaliativo sobre a experiência do Núcleo de Ação Educativa (NAE) da Pinacoteca na formação de educadores sociais. Seu objeto central de análise é o curso Ações multiplicadoras: o museu e a inclusão sociocultural, organizado pelo Programa de Inclusão Sociocultural (PISC) desde 2005. Entre os anos de 2005 e 2015, período analisado na publicação, por ele passaram 306 educadores de 287 diferentes organizações sociais que desenvolvem 225 projetos socioeducativos junto a grupos de pessoas em situação de vulnerabilidade social.

Dados a abrangência e o pioneirismo dessa ação (apesar de seus mais de dez anos de desenvolvimento), pareceu relevante nos debruçarmos sobre ela e olharmos cuidadosamente para alguns de seus aspectos, tais como o universo de trabalho dos educadores sociais participantes, os impactos da formação em suas práticas e, em contrapartida, nas ações do próprio museu.

A publicação pretende ainda relacionar a experiência do curso Ações multiplicadoras com o contexto da educação não formal no Brasil atual, em particular a articulação dessas práticas educativas com a educação em museus, especialmente nos de arte. Ambos são campos teóricos e práticos ainda em consolidação no país, daí a relevância de uma reflexão como a que propomos com este livro. (Introdução, in Aidar; Chiovatto; Amaro, 2016, p.11)

Dessa forma, algo que o processo de elaboração da publicação tornou bastante evidente é que essa formação nos permite estabelecer contatos e trocas, ou borrar as fronteiras, entre quatro grandes áreas do conhecimento: da educação não formal, da educação museal, da educação em arte e da educação social. Sob outro ponto de vista mais abrangente, essa ação formativa promove um profícuo encontro e diálogo entre as esferas culturais, sociais e educativas.

Com a pesquisa avaliativa presente no livro, mais do que apenas produzir informações sobre a trajetória do curso, nosso interesse foi olhar para seu percurso ao longo de 11 anos de trabalho buscando um aprofundamento da compreensão da própria prática.

Entre as questões iniciais levantadas estavam:

Quem é o participante do curso em relação aos campos social e cultural? Em que contexto ele atua? Com que públicos? Em quais organizações sociais? O que ele vem buscar no curso e o que ele desenvolve a partir da formação? Quais mudanças em suas práticas socioeducativas se originam a partir de sua participação no curso? Por consequência, ocorrem transformações nos públicos com os quais ele atua? Quais seriam? E nas organizações de origem? Como o participante, seus educandos e as organizações nas quais estão inseridos transformam sua relação com a arte, a cultura e os espaços culturais?

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A partir desses questionamentos, dividimos a investigação em quatro etapas: 1) análise das fichas de inscrição dos participantes; 2) análise dos projetos educativos elaborados a partir da formação; 3) aplicação de questionário eletrônico sobre o impacto do curso entre os participantes; 4) entrevistas em profundidade com um grupo selecionado de ex­‑alunos.

A pesquisa gerou, assim, quatro grandes blocos de resultados e análises: o primeiro relacionado ao perfil dos educadores participantes; o segundo, ao perfil de suas organizações sociais de origem no momento do curso – esses dois, uma análise mais quantitativa a partir de dados preexistentes; o terceiro, uma análise dos projetos educativos elaborados pelos participantes, uma análise de caráter quantitativo e também qualitativo, pois compreendeu uma sistematização dos principais focos de interesse, perfis de públicos­‑alvo e estratégias de trabalho indicadas nos projetos. Por fim, o quarto grupo de resultados aponta os impactos do curso no que se refere a mudanças na concepção de arte e cultura; aprendizados sobre acessos – o papel do museu e dos espaços culturais na cidade; mudanças nas práticas socioeducativas e nos públicos atendidos pelos participantes, e mudanças nas práticas institucionais. Nesse caso, consistiu em uma análise de caráter predominantemente qualitativo, que se baseou em dados coletados pela pesquisa, por meio de um questionário eletrônico enviado aos 306 participantes e das entrevistas presenciais feitas com cinco ex­‑alunos, selecionados por amostragem levando em consideração a variedade etária, de gênero e de tipologia de organizações sociais participantes.

Apresento a seguir uma seleção de resultados que me parecem relevantes compartilhar, refletir e comentar no âmbito das discussões promovidas pelo II Encontro da REM­‑SP e mais particularmente da Sessão Temática sobre “Formação de educadores e atuação profissional”, a qual tive a oportunidade de mediar e onde também apresentei este trabalho.

Eles se referem aos perfis, primeiro dos educadores sociais participantes. A pesquisa nos indicou que a maioria deles é do sexo feminino, concentrada numa faixa entre 20 e 40 anos e com curso superior completo. Apesar da grande heterogeneidade de formações, há predominância de pessoas formadas nas áreas das Ciências Humanas. A maior parte deles atua como educador, professor ou oficineiro, de forma remunerada. Não há grandes surpresas nesses dados, em particular.

Com relação ao perfil de suas organizações sociais de origem, a grande maioria das instituições das quais os participantes fazem parte são da sociedade civil (Organizações da Sociedade Civil). Com relação às áreas de trabalho, a maioria atua com assistência social. Aqui notamos algo que merece atenção, pois normalmente nos museus brasileiros (algo que, aliás, podemos generalizar para a maior parte dos museus), nossos maiores interlocutores e parceiros são da área da educação formal, ou seja, as escolas. Assim, com esse curso conseguimos estabelecer um diálogo contínuo com organizações sociais e grupos de pessoas que a escola não alcança e que não são parceiros usuais dos museus, especialmente os de arte.

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Finalmente, o público­‑alvo ou os educandos das organizações sociais participantes são predominantemente jovens ou adultos em situação de vulnerabilidade social, 75% das instituições nas quais estão inseridos os participantes do curso lidam com esse perfil. Aqui merece menção o fato de uma minoria dos grupos com os quais esses educadores trabalham serem crianças, o que também rompe com o senso comum da educação em museus ser voltada prioritariamente a grupos infantis e/ou escolares, minimizando sua atuação com a educação de adultos ou com a educação ao longo da vida.

Com relação à localização das organizações sociais participantes dentro do município de São Paulo (nem todos os participantes são do município, ainda que a maioria, 81% do total, o seja), as organizações de modo geral atuam em regiões de vulnerabilidade social, sejam elas em bairros periféricos, principalmente da Zona Sul, mas especialmente no centro da cidade. Há uma concentração de participantes que pertencem a organizações sediadas no centro de São Paulo, próximas à Pinacoteca, onde há diversas questões relacionadas com a população em situação de rua, assim como grupos de baixa renda.

Já a análise dos 225 projetos educativos elaborados nos indicou que os principais focos de trabalhos dessas propostas têm a ver com a difusão e ampliação do acesso à arte e aos espaços culturais para os seus educandos (com 31% do total), seguidos do fortalecimento de identidades pessoais e/ou culturais (23%) e da valorização do patrimônio material ou imaterial ou da identidade de um território específico ou grupo (com 13%).

Salienta­‑se assim que, logo depois de difusão da arte e dos espaços culturais, os focos temáticos que mais emergiram foram a valorização de identidades individuais ou de grupos específicos (da autoestima singular e do empoderamento de grupos que sofrem exclusões de todos os tipos) e a valorização de uma comunidade ou de uma determinada cultura. Em ambos os casos, a arte é muito utilizada como um ponto a partir do qual a diversidade pode ser vista e discutida. (Otero et al., 2016, p.80)

Com relação aos resultados de impacto do curso, a seguir veremos uma seleção apresentada de maneira bastante resumida. Os principais impactos percebidos nos educadores sociais participantes são que a partir do curso eles passaram a se relacionar com a arte e a cultura de maneira mais qualificada (com 100% de repostas positivas a essa questão) e desmistificaram o museu, identificando­‑o como um espaço para todos (com 98% de respostas positivas). Muitos desses educadores não eram frequentadores de museus antes de participarem do curso, e alguns o viam até mesmo com preconceito, como espaços elitistas e distantes da maior parte da população, em particular a mais pobre (o que não deixa de ser uma percepção acertada, quando observamos os dados de pesquisas de perfil de públicos dos museus).

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Após a formação, muitos deles passaram a ser frequentadores e a buscar os museus e outros espaços culturais como parceiros de trabalho. O fato de perceberem o museu como um espaço plural nos parece um dado bastante relevante, uma vez que essa mudança de percepção colabora para que passem a compreender o acesso à cultura como um direito e não mais como um privilégio.

Os impactos percebidos nos educandos com os quais eles atuam (ou atuavam) indica que fortaleceram suas identidades pessoais e culturais (com 88% de respostas positivas) e seus vínculos de sociabilidade (86% de respostas positivas), além de passarem a se interessar mais por arte e cultura (também com 86% de respostas). Aqui é interessante notar que isso reverbera um dos principais focos de trabalhos dos projetos educativos, que, como vimos anteriormente, era o de fortalecer as identidades pessoais e culturais dos grupos. Ou seja, esse resultado reflete os objetivos iniciais dos educadores ao elaborarem seus projetos e mostra que seu desenvolvimento foi bem­‑sucedido.

Também é importante mencionar a potencialidade dos aspectos mais subjetivos da educação em museus, que se percebe aqui no fortalecimento dos vínculos de sociabilidade, algo que o contato com os museus e equipamentos culturais pode propiciar de maneira muito efetiva.

Com relação aos impactos nas organizações sociais às quais estavam vinculados os educadores no momento do curso, são um tipo de resultado que é mais dificilmente alcançado, por uma série de variáveis alheias muitas vezes à vontade do próprio educador, como as questões orçamentárias e de gestão, por exemplo. Ainda assim, os educadores perceberam que as organizações passaram a respeitar mais seu trabalho de educador social (71% de respostas positivas à questão). Os conhecimentos adquiridos no curso foram multiplicados com outros profissionais da organização (71% de respostas positivas), e as organizações passaram a valorizar mais as parcerias e ações com equipamentos culturais (70% de respostas positivas). Isso nos parece significativo por colocar na agenda das organizações de assistência social a potencialidade socioeducativa da relação com a cultura e seus equipamentos. Também nos indica que o curso cumpre um de seus objetivos principais: que os educadores e organizações sociais passem a se apropriar dos equipamentos culturais em suas práticas profissionais.

Para finalizar, outro elemento bastante rico levantado pela pesquisa foram os depoimentos coletados entre os ex­‑alunos, tanto por meio das respostas dadas às perguntas abertas do questionário eletrônico, como por meio das entrevistas presenciais. Eles “humanizam” os dados coletados pela pesquisa, dando visibilidade aos argumentos e ideias das dezenas de participantes. Transcrevo a seguir alguns deles, que se relacionam com os resultados apresentados anteriormente, a fim de dar voz aos protagonistas dessa formação, os educadores sociais:

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O que me mobilizou a buscar o curso foi a questão da educação não formal. Porque eu vinha da área social, já tinha uma relação com o Paulo Freire e buscava “ler o mundo”. Mas no curso eu concretizei isso a partir das artes visuais, e ele me mostrou uma outra lógica de pensamento, uma lógica de leitura do mundo através da arte, que me impactou. (A.A.S., participante do curso em 2008)

Acho que um dos pontos mais interessantes do curso é: “espera aí, não vamos ficar vindo só pra cá, vamos usar esses outros espaços da cidade. São Paulo é uma cidade que tem muitos espaços, então vamos para todos”. Acho que fui em quase todos os museus da cidade desde o curso. (V.V.S., participante do curso em 2014)

Penso que o maior impacto para o público com o qual trabalho é possibilitar a experiência de conhecer e de se reconhecer como parte do legado cultural que o museu guarda. (C.A.C., participante do curso em 2005)

(Otero et al., 2016, p.90, 98 e 103, respectivamente.)

Referências

AIDAR, Gabriela; CHIOVATTO, Milene; AMARO, Danielle R. (Coord. editorial). Entre a ação cultural e a social: museu e educadores em formação. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2016. PDF disponível em: museu.pinacoteca.org.br/textos-educativos/publicacoes-do-nucleo-de-acao-educativa-da-pinacoteca-do-estado-de-sao-paulo/.

ALMEIDA, Adriana M. Relatório de Pesquisa Museológica de Satisfação dos Visitantes. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2013. (Texto não publicado).

LEIVA, João (Org.) Cultura SP: hábitos culturais dos paulistas. São Paulo: Tuva, 2014.

OTERO, Martina R.; AIDAR, Gabriela; CHIOVATTO, Milene; AMARO, Danielle R. Ser cultural: pesquisa avaliativa sobre o curso “Ações multiplicadoras: o museu e a inclusão sociocultural”. In: AIDAR, Gabriela; CHIOVATTO, Milene; AMARO, Danielle R. (Coord. editorial). Entre a ação cultural e a social: museu e educadores em formação. São Paulo: Pinacoteca de São Paulo, 2016.

Capa

Rede de Redes – diálogos e perspectivas das redes de educadores de museus no Brasil

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