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Rede de Redes: Diálogos e Perspectivas das Redes de Educadores de Museus no Brasil

Pode­‑se dizer que a gênese da Rede de Educadores de Museus de São Paulo (REM­‑SP) está na participação paulista durante o I Encontro Nacional da Rede de Educadores do Rio de Janeiro (REM­‑RJ), em 2007. Embora existissem vários grupos se articulando no sentido de discutir esse campo da educação e os processos educativos em museus, como o grupo “Educativos em Rede”, as iniciativas eram dispersas ou por vezes centradas em grupos de instituições específicas.

Em 2014, as discussões em torno do Plano Nacional de Educação Museal (PNEM) se intensificaram, fomentando encontros na capital e no interior do estado de São Paulo, e, em 17 de novembro, com o apoio do Museu da Língua Portuguesa e a presença de 35 pessoas de diversas instituições museológicas da capital e do interior, nasceu oficialmente da Rede de Educadores de Museus de São Paulo (REM­‑SP).

Desde seu início a REM­‑SP se articula de maneira informal, voluntária, e conta com fluxos de membros atuantes e participativos que estimulam discussões por meio de Grupos de Trabalho. Em 2015 a REM­‑SP promoveu reuniões e discussões dos GTs de “Formação de Educadores” e “Políticas Públicas”, tendo o PNEM como foco principal.

Em 2016 o grupo envolveu­‑se na realização de um encontro, que naquele momento pretendia ser anual, em parceria com o Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc­‑SP. O I Encontro Anual da REM­‑SP contou com mais de 70 participantes, e os debates continuaram a girar em torno do perfil e profissionalização do educador, da formação e das políticas públicas, contando ainda com apresentações de trabalhos em formato de pôster.

Em 2017 a parceria com o Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc­‑SP foi renovada, e um novo grupo de membros da REM­‑SP se empenhou na realização do II Encontro Anual da REM­‑SP. Com programação voltada aos eixos Acessibilidade Cultural, Materiais Educativos, Formação de Educadores e Atuação Profissional e Núcleos Educativos, foram desenvolvidas atividades integradas e complementares como palestras, oficinas em parceria com instituições culturais da capital e apresentações de trabalhos em “Sessões Temáticas”.

O resultado foi uma diversidade significativa de projetos apresentados, na interação e troca entre profissionais de várias localidades da capital, do interior e de outros estados. A possibilidade de participação independente de vinculação institucional garantiu a presença de educadores que trabalham de forma autônoma, realidade de um setor que vive de projetos temporários e sofre diretamente com cortes constantes em suas equipes.

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Os dias intensos de agosto de 2017 foram tão estimulantes que despertaram o anseio de deixar registradas aquelas discussões e iniciativas tão diversificadas, mas que de certa maneira convergem nos temas que constantemente permeiam os desafios da Educação Museal no Brasil. Aliada ao desejo de deixar um legado da nossa contribuição para a REM­‑SP e aprofundar as discussões ao redor das problemáticas abordadas, surgiu a proposta de publicação de Rede de Redes – Diálogos e Perspectivas das Redes de Educadores no Brasil, tema do II Encontro Anual da REM­‑SP.

Aqui estão reunidos os artigos dos palestrantes convidados a discutir os temas prementes da atualidade, como a ação e atuação nos territórios, o trabalho colaborativo e interdisciplinar, os desafios e possibilidades da participação em redes, a construção da Política Nacional de Educação Museal e o Cadastro Estadual de Museus (CEM­‑SP), ferramenta de política pública que incorpora no eixo “Comunicação e Serviços ao público” as ações pertinentes à Educação em Museus.

As oficinas realizadas em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, o Museu Paulista, o Museu de Arte Sacra de São Paulo e o então recém­‑inaugurado Sesc 24 de Maio constituem momentos significativos da programação do II Encontro. Oportunidade de troca entre os participantes e os responsáveis pelas atividades, que de forma complementar à programação estimularam a reflexão sobre mediação cultural e o fazer material.

Os autores dos artigos das “Sessões Temáticas” tiveram a oportunidade de apresentar seus projetos mediados por profissionais convidados que conduziram as discussões e debates acerca das possibilidades e desafios da educação em museus e instituições culturais. Os projetos apresentados abrangem não só iniciativas que já se tornaram referência no campo da educação em museus, mas também ações de instituições de pequeno porte que lutam para manter suas equipes e atendimentos; parcerias com instituições de ensino formal e projetos de desenvolvimento de material educativo específico, e também propostas de estudantes que estão em formação, recém­‑saídos dos seus cursos de graduação, ao lado de experiências inéditas no campo da educação museal em âmbito de pós­‑graduação, como o projeto pioneiro do curso de Especialização em Educação Museal, importante experiência que vem do Rio de Janeiro.

Considerando as possibilidades que os recursos tecnológicos proporcionam, parece oportuno lançar mão de linguagens, recursos e conteúdos audiovisuais que permitam o acesso à cultura por um público amplo e com interesses diversos, estimulando o debate e a apropriação entre estudantes, educadores, profissionais e pesquisadores do campo da educação museal e da mediação cultural. Os depoimentos em vídeo, registrados durante o II Encontro da REM­‑SP e produzidos com o apoio do Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc­‑SP, acrescentam ainda maior densidade à publicação eletrônica, que, por meio das discussões estabelecidas nas entrevistas, aprofunda e complementa aspectos discutidos durante o II Encontro e nos artigos. Os videodepoimentos constituem uma cartografia da diversidade de falas, pensamentos, percursos e contribuições.

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Vale ainda destacar a participação dos alunos do Curso Técnico em Museologia do Centro Paula Souza – Parque da Juventude, registrado no artigo “II Encontro da REM­‑SP como espaço de Laboratório de Mediação Cultural”, configurando­‑se como importante curso em nível médio que tem estimulado, com iniciativas participativas e experimentais como a realizada e narrada no artigo citado, a formação de jovens profissionais na capital paulista.

O leitor encontrará um panorama diversificado da educação em museus e instituições culturais, temas sempre atuais, principalmente em tempos de uma sociedade da “pós­‑verdade” ou das “fake news”, apresentando discussões ou iniciativas que valorizem as equipes e profissionais que se dedicam à cultura e, em especial, à educação, devendo ser fomentadas e prestigiadas, como é o objetivo desta publicação.

Nós, organizadores deste e­‑book, buscamos dar nossa contribuição à sociedade, disponibilizando, de forma ampla e gratuita, os conteúdos e o acesso às discussões que permeiam a atualidade deste campo de prática da museologia, da memória e da educação na contemporaneidade, como forma de partilha e agradecimento a todos os membros da REM­‑SP. Expressamos aqui, especialmente, nossa gratidão aos integrantes da Comissão Organizadora do II Encontro Anual, sem a qual não seria possível a materialização deste legado. Permanece nosso desejo e esperança de que essa “Rede de Afetos” se fortaleça, representada e materializada pelo trabalho colaborativo desenvolvido pela Rede de Educadores de Museus de São Paulo (REM­‑SP).

Aprecie a leitura!

Lilian Amaral
Joselaine Mendes Tojo

Organizadoras

Capa

Rede de Redes – diálogos e perspectivas das redes de educadores de museus no Brasil

Sumário Ficha Técnica