Com curadoria de Solange Bernabó, filha do artista, a mostra é composta por uma seleção de 50 aquarelas, dentre as 128 produzidas com esta temática, nas quais Carybé contribui de forma ímpar para preservação dos valores culturais trazidos da África pelos negros e que aqui se misturaram com outras matrizes de nossa cultura genuína.
Hector Julio Páride Bernabó (Lanús, Argentina 1911 – Salvador BA 1997). Pintor, gravador, desenhista, ilustrador, mosaicista, ceramista, entalhador, muralista. Freqüentou o ateliê de cerâmica de seu irmão, Arnaldo Bernabó, no Rio de Janeiro, por volta de 1925. Entre 1941 e 1942, viajou por países da América do Sul. De volta à Argentina, traduziu com Raul Brié, para o espanhol, o livro Macunaíma, de Mário de Andrade (1893 – 1945), em 1943. Nesse mesmo ano, realizou sua primeira individual na Galeria Nordiska Kompainiet, em Buenos Aires. Em 1944, se interessou pela religiosidade e cultura de Salvador. No Rio de Janeiro, auxiliou na montagem do jornal Diário Carioca, em 1946. Foi convidado pelo jornalista Carlos Lacerda (1914 – 1977) para trabalhar no jornal Tribuna da Imprensa, entre 1949 e 1950. Em 1950, mudou-se para Salvador para realizar painéis para o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, com recomendação feita pelo escritor Rubem Braga (1913 – 1990) ao secretário da Educação do Estado da Bahia, Anísio Teixeira (1900 – 1971). Na Bahia, participou ativamente do movimento de renovação das artes plásticas, ao lado de Mario Cravo Júnior (1923), Genaro (1926 – 1971) e Jenner Augusto (1924 – 2003). Em 1957, naturalizou-se brasileiro. Publicou, em 1981, Iconografia dos Deuses Africanos no Candomblé da Bahia, pela Editora Raízes. Ilustrou livros de Gabriel García Márquez (1928), Jorge Amado (1912 – 2001) e Pierre Verger (1902 – 1996), entre outros.